Reino (biologia)
O Reino é a categoria superior da classificação científica dos organismos introduzida por Linnaeus no século XVIII. Quando Carl Linnaeus introduziu o sistema hierárquico de nomenclatura na biologia em 1735, o posto mais alto recebeu o nome de "reino" e foi seguido por quatro outras categorias principais: classe, ordem, gênero e espécie. Originalmente, Lineu considerou as coisas naturais no mundo divididas em dois reinos: Os reinos são subdivididos em filos (para o reino animal) ou divisões (para as plantas). Quando se descobriu os organismos unicelulares, estes foram divididos entre os dois reinos de organismos vivos. As formas com movimento foram colocadas no filo Protozoa e as formas com pigmentos fotossintéticos na divisão Algae. As bactérias foram classificadas em várias divisões das plantas. Com a falta de comunicação existente naquele tempo, certas espécies - por exemplo, a Euglena, que é verde e móvel - foram classificadas umas vezes como plantas, outras vezes como animais. Então, por sugestão de Ernst Haeckel, foi criado um terceiro reino de organismos vivos, o reino Protista para acomodar estas formas. Herbert Copeland introduziu um quarto reino para as bactérias, que têm uma organização celular procariótica, enquanto que os organismos dos restantes três reinos são formados por organismos eucarióticos. Ele chamou a este reino Mychota, nome que foi mais tarde substituído por Monera (que significa formas primitivas). Robert Whittaker incluiu os fungos no reino Fungi, ficando a haver três reinos para organismos multicelulares: e mais dois reinos para os organismos unicelulares ou coloniais: OBS.: O Reino Fungi atualmente compreende seres tanto multicelulares quanto unicelulares. Este sistema dos cinco reinos ainda é bastante usado na literatura científica. Um outro sistema foi proposto para incluir os vírus, com seis reinos, divididos por três super-reinos e o grupo supremo, o Superdomínio Biota: Recentemente, no entanto, novas investigações sobre a filogenia dos organismos levaram a um novo sistema de classificação, a cladística. A mais importante foi a descoberta de Carl Woese, em 1977, de que os procariotas compreendiam dois grupos distintos, a que ele chamou Eubacteria e Archaebacteria que foram denominadas mais tarde, por ele, como Bacteria e Archaea. Esta descoberta levou ao sistema de classificação cladístico dos organismos em três Domínios, que se pretendia que fossem um substituto dos Reinos, mas que acabou por ser usado como um "super-reino" (se bem que ainda possa ser utilizada a proposta dos super-reinos, pois no reino Monera os domínios Bacteria e Archaea são sub-reinos). O quadro abaixo mostra as relações entre estes sistemas de classificação: Linnaeus
1735Haeckel
1866Chatton
1925Copeland
1938Whittaker
1969Woese et al.
1977Woese et al.
1990Cavalier-Smith
1993Cavalier-Smith
19982 reinos 3 reinos 2 impérios 4 reinos 5 reinos 6 reinos 3 domínios 8 reinos 6 reinos (não tratado) Protista Prokaryota Monera Monera Eubacteria Bacteria Eubacteria Bacteria Archaebacteria Archaea Archaebacteria Eukaryota Protoctista Protista Protista Eukarya Archezoa Protozoa Protozoa Chromista Chromista Vegetabilia Plantae Plantae Plantae Plantae Plantae Plantae Fungi Fungi Fungi Fungi Animalia Animalia Animalia Animalia Animalia Animalia Animalia
Referências
- LINNAEUS, C. (1735). Systemae Naturae, sive regna tria naturae, systematics proposita per classes, ordines, genera & species. [S.l.: s.n.]
- HAECKEL, E. (1866). Generelle Morphologie der Organismen. [S.l.]: Reimer, Berlin
- CHATTON, É. (1925). «Pansporella perplexa. Réflexions sur la biologie et la phylogénie des protozoaires». Annales des Sciences Naturelles - Zoologie et Biologie Animale. 10-VII: 1–84
- CHATTON, É. (1937). Titres et Travaux Scientifiques (1906–1937). [S.l.]: Sette, Sottano, Italy
- COPELAND, H. (1938). «The kingdoms of organisms». Quarterly Review of Biology. 13: 383–420. doi:
- COPELAND, H.F. (1956). The Classification of Lower Organisms. Palo Alto: Pacific Books. doi:
- WHITTAKER, R.H. (1969). «New concepts of kingdoms of organisms». Science. 163 (3863): 150–60. PMID . doi:
- WOESE, C.R.; BALCH, W.E.; MAGRUM, L.J.; FOX, G.E.; WOLFE, R.S. (1977). «An ancient divergence among the bacteria». Journal of Molecular Evolution. 9 (4): 305–311. PMID . doi: !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
- WOESE, C.R.; Fox, G.E. (1977). . Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 74 (11): 5088–90. PMC. PMID . doi: !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
- WOESE, C.; KANDLER, O.; WHEELIS, M. (1990). . Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 87 (12): 4576–9. Bibcode:. PMC. PMID . doi: !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
- CAVALIER-SMITH, T. (1981). «Eukaryote kingdoms: seven or nine?». Bio Systems. 14 (3–4): 461–481. doi:
- CAVALIER-SMITH, T. (1992). «Origins of secondary metabolism». Ciba Foundation symposium. 171: 64–80
- CAVALIER-SMITH, T. (1993). «Kingdom protozoa and its 18 phyla». Microbiological reviews. 57 (4): 953–994
- CAVALIER-SMITH, T. (1998). «A revised six-kingdom system of life». Biological Reviews. 73 (03): 203–66. PMID . doi:
- CAVALIER-SMITH, T. (2004). . Proceedings of the Royal Society of London B Biological Sciences. 271: 1251–62. PMC. PMID . doi:
- CAVALIER-SMITH, T (2010). . Biology Letters. 6 (3): 342–5. PMC. PMID . doi:
A Wikipédia possui o |
- Whittaker, R.H. (1959). On the broad classification of organisms. Quart. Rev. Biol. 34, 210-226.
- Whittaker, R.H. (1969). New concepts of kingdoms of organisms. Science 163, 150-160.
